Em que Venial recebe um mal presagio.
MIL
CORPOS SE ENROSCAVAM em uma bolha gigantesca a apenas poucos metros do chão.
Com roupas apodrecidas ou a nudez total, estavam cobertos por um muco especo
que era proveniente de uma criatura infernal. A bolha parecia pulsar!
Venial
tenha consciência de onde estava, mas não sabia como avia chegado ali. Muitas
partes do reino das sombras eram perigosas até mesmo para um deus. Ele muito
menos tinha a forma e poder de um deus naquele momento. Estava em um corpo
mortal, com privilégios no fato de ser um herói mas mesmo assim, poderia
morrer.
Um dos
corpos se desprendeu da enorme carapaça, caindo ao chão. E mais outro... e
outro... a cada um que caia surgia outro por baixo, nunca revelando as fases da
medonha criatura que os usava como escudo. E o que Venial tinha para se
defender? Apenas um bastão de madeira e seus músculos, que muitas vezes era
mais do que o suficiente para lhe garantir a vitória.
Enquanto
seus bonecos se punham de pé o casulo pulsante afastou-se lentamente. As
dezenas de rostos em sua carapaça sorriam e gemiam. Homens e mulheres preços,
talvez, por toda eternidade servindo como proteção ao que só existia longe dos
olhos dos deuses e do senhor daquele mundo, que coincidentemente era irmão de
nosso herói.
Venial
retrocedeu alguns passos para ao menos tentar se proteger das mãos estendidas
de uma dezena de cadáveres. Se não conseguisse, tornar-se-ia um deles pra fazer
parte da colmeia. Não podia fugir, achava que um verdadeiro herói nunca fugiria
de desafios como aquele, essa principio estava entranhado em sua mente. Tinha
que lutar e sabia que agora era hora de testar seu bastão.
Mirou em uma
das cabeças e com um movimento de braço e sua imensa força conseguiu explodi-la
o que foi uma alegre surpresa, pois achava que quebraria o bastão. Um por um
ele abateu da mesma forma que fizera com o primeiro cadáver.
Corpos
perfeitos. Não avia nenhum dos que jogou por terra, que tivesse um defeito
físico ou idade avançado. Todos eram belos e entre eles, mulheres que com
certeza, em vida seduziriam reis ou até mesmo o pai de Venial. Agora, tinha que
avançar e de alguma forma derrotar a bolha flutuante. Talvez aquilo fosse
vontade de seu pai. E um nome veio em sua mente Granfaloon.
Chegou à
beira de um negro precipício onde Granfaloon descia como se não
tivesse peço. Soube nesse momento o que tinha de fazer. Gemidos,
gritos e lamentos vinham da rachadura na terra negra e carbonizada de onde a
criatura descia cada vez mais.
Pulou...
Iria
abrir um caminho por entre aqueles cadáveres e alcançá-lo. Uma boca
se abril sobre a carcaça de mortos, soltando um estrondo que mais
se assemelhava com uma gargalhada e engoliu Venial, homens e
mulheres ergueram os braços para recebê-lo e a escuridão prevaleceu.
Acordou
em sua tenda de acampamento, o corpo recoberto por uma camada de frio suor. Sem
saber onde estava e a lembrança de seu terrível sonho fugindo aos poucos da
memória, de alguma forma Venial sabia que aquilo não fora apenas um sonho.
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