segunda-feira, 23 de junho de 2014

A História de Um Deus / O começo de um herói



   Temos escolhas a tomar em nossas vidas e eu vou lhe contar a história de uma escolha que de certa forma mudou o reino onde eu vivia. Saiba que não necessito de apresentações no momento, porque o que tenho para dizer vale mais que minha identidade. Olhe para mim apenas como o contador desses fatos e nada mais que isso. Pois a história não será minha, sou apenas o instrumente de algo que tem que ser dito.

Em meu reino, cultuávamos muitos deuses e até hoje em dia depois de dezenas de décadas em que me afastei daquele saudoso lugar e vim parar aqui. Praticamente em outro mundo onde poucos deuses sobrevivem e pelo que vejo acabarão se tornando um único Deus que reinara sobre nossas cabeças, eu penso com carinho sobe a terra em que nasci.

Preste bastante atenção, pois irei falar sobre um herói que dizem ter origens divinas, seu pai, o maior de todos os deuses. Esse homem nasceu em minha aldeia e apesar de eu nunca o ter visto naquele lugar, ele marcou as mentes dos moradores mais velhos que não deixaram os novos se esquecerem de seus feitos, que se renovaram a cada dia sobre as ordens da trindade. Os últimos três reis a oporem resistência ao Sol.

Aqueles tempos eram difíceis e essa afirmativa e custosa para mim, pois acredito que não existem tempos fáceis para ninguém. Estávamos sobe a ameaça de guerra deste muito antes de eu ter nascido e nosso povo avia se acostumado com as atrocidades e com os feitos heroicos que surgiam das circunstâncias em que vivíamos.

Preste atenção pois agora, contarei alguns fatos sobe a visão de um deus:

Temos escolhas a tomar em nossas existências, sejam elas curtas como as dos mortais ou longas como as dos deuses. Elas nos levam a caminhos diversos dos que planejamos, eu peguei vários desses caminhos. E mesmo sendo de origem divina, um herói e muito mais que apenas herói, pois antes disso fui um deus a agora alçado a essa condição novamente. Depois de ter tido a vida que queria entre as criações de meu pai, percebo que minhas escolhas foram impensadas. Não me arrependo simplesmente reavaliei meus motivos, mesmo assim fico muito feliz de ter feito o que fiz. Abri muitas portas! 

Esses heróis que para mim são o sal da terra dão gosto a curta vida dos mortais que aqui vivem. Eles próprios podem se encontrar com a morte, mas mesmo assim prosseguem em cada aventura conquistando suas vitorias e quando perdem e caem em campo de batalha é como que vencessem assim mesmo. Em seu ultimo suspiro gravam seu nome na mente dos que ficam em terra, ganhando cada vez mais força em histórias que surgem a seu favor. E mesmo que na forma de um herói desconhecido eles conquistam mais corações do que um simples deus. São lembrados tanto como os deuses e me arrisco a dizer que muito mais do que nós gostaríamos que fossem.

Eu vejo esses seres criados na vontade de meu pai, se vangloriando por aí simplesmente em possuírem algo de divino em seu sangue, filhos de uma mortal com um deus. São os únicos mortais que estão marcados para que a morte, conhecida no hábito de cometer muitos enganos, saiba o momento  certo de levar seus espíritos para o além. Mesmo assim quando à hora chega alguns têm a coragem de encarar a criatura alada e conseguem uma vida mais longa, simplesmente porque comprovam seus assuntos inacabados e não dão o braço a perder.          

E eu não imaginava que fosse tão complicado, numa forma mortal, viver nesse mundo. Presenciei a vida de alguns dos meus meio irmãos, mas admito, aprendi muito pouco só em acompanhar seus passos. Filho de um deus, praticamente inexperiente nesses assuntos, ou pelo menos eu era. Agora aprendi da pior forma como é sentir dor, fome e frio. Na casa de meu pai nada me atingia.

Mas... quis ser herói, admirei a curta vida de meus irmãos bastardos. E de qual forma um deus poderia realizar feitos heroicos? Foi assim que decidi me tornar mortal e meu pai, sendo quem era, impôs quais seriam as condições para que seu filho fosse à terra.

“Cuidarei de que nasça em família humilde, para que possa ver a injustiça criada pelos homens” disse ele, e eu apenas sorri. “A partir de certa idade ganhará força e terá consciência de quem é seu pai.” Não gostei de passar alguns anos sem saber quem era, mesmo que fossem poucos anos, aquilo não me agradou, mas aceitei.

Meu pai tomou forma mortal e se deitou com aquela que me daria à luz e assim nasci.

Tomei consciência de mim mesmo da pior forma possível. No dia em que meus pais mortais foram mortos por soldados do exército de seu próprio rei, me vinguei matando-os alguns dias depois. Assim, saí pelo mundo cometendo feitos heroicos!

Só agora percebo que fui clichê: matei monstros às dezenas, ladrões, saqueadores e lutei em duas guerras. Até mesmo enfrentei um de meus irmãos. Ele não sabia quem eu era, e confesso que fui derrotado.  

Agora estou de volta, ao lado esquerdo de meu pai. Curiosamente com muitas cicatrizes pelo corpo, mas que estão desaparecendo aos poucos. E olha que morrer dói muito! Pelo menos minha morte foi assim e não pense que reclamo disso. A dor é uma coisa com a qual até hoje não me acostumei. 


O Irmão de Venial



sexta-feira, 20 de junho de 2014

É COMO QUERER TER UM BRAÇO QUE NUNCA TIVE!

A GENTE ACABA SE acostumando. Tem suas recaídas é claro, como sou idiota em dizer isso. Tudo que dizer será usado contra mim.

É como sentir falta de um braço que eu nunca tive. Posso imaginar como é, posso até senti-lo, mas não está ali onde deveria estar.

E o costume faz com que não doa tanto como deveria, sabe, o braço foi cortado existe a cicatriz a dor esta ali, mas não dói como deveria.

E se como por milagre me fosse concedido um novo braço, não seria como antes. Já estou acostumado de mais para sentir o peso em meu ombro, agiria como uma criança com um brinquedo novo.  

Mas sabe...  Eu desejo esse braço como nunca desejarei outra coisa. Porque de qualquer forma, vou me arrepender com ou sem ele. Isso é, quero ser normal.


Mediocremente normal é o que quero ser. Será que ela vai se mostrar para mim será que vou ter a oportunidade de ter um romance com alguém, e eu aqui sentado esperando... esperando... esperando...  

domingo, 15 de junho de 2014

SENSIBILIDADE


FICAR PRESO DENTRO DE si, uma condição bastante normal, olhando o mundo através de dois orifícios e tentando definir o claro e escuro do lado de fora.

Tem-se o direito de sentir, de escutar e mesmo preso, ir aonde os pés podem levar.

Essa pequena prisão mostra a realidade do que existe sobre a forma errada. O verde já  não é tão verde, nem o reto se comporta como deveria. Será que nesse caso seria a miopia?

E vem essa certeza, ou melhor, a sensação de que nada é cem por sento verdadeiro. Falta alguma coisa, um vazio imaginário. Algo que poderia ser pego, mastigado e engolido.

A cabeça boia em um mar de possibilidades, mas sem chegar a nenhum lugar.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A VIDA DE JEREMIAS



SE TIVESSE A ESCOLHA de voltar atrás, coisa que acredito ninguém tenha, decidiria não subir na árvore e não quebrar o braço. E foi justamente assim que minha vida descambou. 

Eu de nome Jeremias, conheci ela chamada Elizabeth e infelizmente um homem conhecido pelo nome Otávio, veio a me encontrar. 

Praticante de artes obscuras essa criatura se pôs no meu caminha e de Elizabeth. E justamente no dia em que decidi por fim a tudo isso, ele me levou ate o deserto para que morresse de baixo de um do sol escaldante. Porem, por obra do destino esse terrível mago precisou de mim: 


JEREMIAS SE JOGOU POR terra, caiu de joelhos, com as mãos nas cochas. O sol queimava alto sobre sua cabeça. 

- A água corre sobre a terra, a terra sai de minha boca, o vento queima meu rosto. - Dizia pausadamente. 

Uns dês passos atrás, jazia a carcaça de Elai, seu cavalo morto pela sede implacável. E a pouca distancia de sua mão a pistola com apenas uma bala. 

- O mar cai gota por gota em minha cabeça... 

Jeremias se levantou pegando a pistola e olhando para o horizonte começou a andar. Passo a passo, iria chegar a seu destino. 

- Não desiste homem? – Perguntou Otávio, correndo em sua frente. 

Jeremias apontou sua arma na direção do inimigo. Fechou um dos olhos, pois via dobrado, querendo ter certeza de acertar seu único tiro. Mas não teve forças nem para apertar o gatilho! 

- Olhe... – Apontou logo à frente – Vê, ali está ela. Elizabeth ti espera! – Se formando no calor do deserto, a criatura feminina vinha na direção dos dois. 

- Não pode ser. A morte me espera, não tenho mais esperanças. 

- Tem sim... Junte-se a mim. – Abaixou a mão que apontava e a criatura se desfez em areia. – Tem razão, ela não está aqui, mas eu posso ti levar até ela. Quer? 

- Jeremias Nada disse, apenas caiu mais uma vez de joelhos. 

- Pela ultima vez, vamos lá, junte-se a mim. Tenho uma missão para você! 

- Otávio... Não vou ti ajudar em nada... Da mesma forma que meus dias estão contados... Os seus também estão... A magia está ti consumindo! 

- Então, tudo bem. Morra antes de mim e nunca mais veja Eliza... – O som do tiro cortou o ar, e Otávio não pode completar o nome. Foi atingido no peito, nem sua magia negra poderia salvá-lo, estava sendo consumido por ela e sedo ou tarde, iria morrer. 

Jeremias perdeu a consciência e a recobrou ao anoitecer. 

- Acorde amigo, vejo que passou por maus bocados! – Jeremias apenas pode dizer o nome de Elizabeth, para cair mais uma vez na inconsciência.