terça-feira, 6 de maio de 2014

DE TODO CORAÇÃO




PROCUROU EM TODAS AS gavetas da casa, muitas gavetas, mas não encontrou. Cada minuto que passava significava que podia ser pego e, se fosse pego seria o fim. Claro que tinha a oportunidade de ele não encontrar o papel, mas tinha que tentar.

Já dera uma olhada nas estantes de livros, ele tinha Julio Verne e Jack London, Kafka e Machado de Assis. Há, ele foi feito pra mim!

E nos últimos minutos da chegada de Miguel, o desespero o dominou. Não encontrava o papel em que colocou todo o seu coração, definindo o amor errado que cultivava no peito.

Uma mosca enjoada começou a atormentá-lo e nada que fizesse conseguia afastá-la. Sai... Sai... Daqui, tenho que ir embora. Disse no mesmo estante em que a chave girava na porta de entrada.

Um lindo rosto de cabelos cacheados se mostrou a seus olhos. Miguel espantado ao vê-lo parado ali na sala, disse que tinham que conversar e mostrou um papel dobrado entre suas mãos.

Se sentou no sofá, meio tremulo, era o fim. Iria odiá-lo para sempre, Miguel nunca mais vai falar comigo.


Quero escutar de sua boca, fale, não tenha medo. Você me ama Paulo? Não conseguiu responder, seu coração palpitava no peito, a boca seca dava a intenção que iria se despedaçar se dissesse uma única palavra. Então só conseguiu balançar a cabeça afirmativamente.

Nenhum comentário: