ENTÃO ENTROU, SENTOU NA cadeira e
colocou a espada no colo, se pôs a falar.
“Não quero heróis. Todos são lenda ou
não existem ou são fruto de pura balela, mas sismo em admirá-los. São tudo que
não sou, fazem tudo que não fiz.”
“Já lutei em guerras e matei alguns homens. Conheci muitos dos que se diziam heróis e vi alguns deles morrerem de
maneiras humilhantes. Não pense que sou um deles, nada do que fiz foi
considerado impossível de ser feito.”
Se ajeitou em seu acento, coçou
demoradamente a barriga proeminente. Suas mãos eram grossas e calejadas, tinha
muito pelo cobrindo os braços e escapulindo pela gola de sua camisa.
“Sou um soldado pago pelo rei, deus o
salve e cuide de sua saúde. Todos dependemos dele! Que tenhamos muitas guerras
para lutar, pois lá vou estar e quem sabe, me tornar um Herói...”
Soltou uma gargalhada e acrescentou:
“Só morrendo, eu sei!”
Três moedas de ouro retiniram no
balcão.
“Que seja pago uma rodada para todos,
vamos ficar bêbados.”
Dei um leve sorriso de satisfação e me
pus a escrever em um minúsculo livro de capa escura e folhas amareladas.