AS
LUZES SE ASCENDEM, chamando todas as atenções, o burburinho se aquieta. Palco
iluminado, um ator em sena, único e solitário rapaz:
“Vou
falar de coisas distantes, alcançáveis apenas pelas mãos do pensamento. Falarei
sobre sentimentos disfarçados pela leve capa da falsidade, desejos indiscretos,
olhares mal interpretados ou nem tanto. Sobre a dificuldade de se dizer uma
única palavra e em alguns momentos, se tornar impossível organizar o pensamento.
Disso e muito mais falarei!”
Apresentações
feitas, uma cortina se abre e o rapaz sai de sena mostrando um casal, cada um
em seus afazeres da vida. Um homem e uma mulher que sabem que o outro existe,
mas não dão nenhuma importância na imagem de seu contrario. Ele lê, ela escuta
musica.
Fora o
fato de que a vida dos dois seguia por linhas completamente diferentes, eles
não devem se envolver de nenhuma forma. Apenas por um olhar dela de vez em
quanto e um leve cochichar: “que garoto estranho!”
Ele
tinha grandes cenas de batalhas entre seus heróis, rolando em sua mente. Homens
valorosos que lutavam por algo que valia apena, não apenas viver, por um bem
maior. Naquelas fantasias se expressava bem. Derrotava monstros, conquistando a
vitória facilmente. Em sua realidade as dificuldades falavam mais auto.
A
menina também gostava de ler, mas presa a terra ou nem tanto estava à espera de
um príncipe encantado e, assim se foi passando o tempo.
Encontraram-se
na faculdade, os dois com o sonho de serem professores. Descobrindo mais coisas
em comum do que se imaginariam ter.
Ela
era possessiva aos extremos!
Ele a
amava tanto, sentia uma necessidade enorme de conservá-la junto a si.
Os
dois começaram um belo namoro, com todas as formalidades de se apresentar as
famílias de cada um, construindo laços. E tão inesperadamente o primeiro e
único filho veio os unindo ainda mais.
Já
moravam juntos e continuariam assim até que a morte os separasse.
A
cortina se fecha e novamente a ator solitário entra em sena.
“Não
esperemos que esse seja um final feliz, meus caros amigos. Talvez nem tenha
começado ainda, pode ser apenas um desejo, a ânsia de se realizar um destino
ainda muito distante.”
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