sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Angustia


Nas horas mais escuras da noite
Onde se espera o descanso prometido, ele não vem.
E a avalanche de pensamentos enterra nossa mente.

As esperanças são postas de lado
Julgadas e consideradas lixo,
Apenas para no dia seguinte serem recuperadas e novamente postas no canto.

Nas horas mais escuras da noite
Em que se espera o silencio, ele não vem.
E os ganidos e arranhões na madeira da porta

São amplificados pelo nada que te espera lá fora. 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

SEU MUNDO - CAPITULO I

PARTE II
I

NÍCOLAS ERA O TIPO de pessoa em que não se espera ajuda de nenhum tipo, não que fosse mal, apenas fora criado assim e todos sabiam disso. Com 16 anos de idade já era um soldado completo. Filho de um dos conselheiros do rei, e pretendente a se casar com Carolina a princesa.
Lutando com seu amigo Marcos, que lhe acompanhava nos treinamentos, Nícolas mostrava sua habilidade. Manuseando espadas de madeira, os dois apresentavam hematomas nos braços e nas costelas. Indo de um lado para o outro em um campo perto do castelo de Davi, eram vigiados pelo olhar experiente de seu mestre.
O suor escoria pelo corpo dos dois rapazes, mostrando sua musculatura rígida e bem formada. Realmente era calor naquela época, mas não se importavam.   
- Levante a guarda Marcos, não permita que ele atinja seu ombro! Vamos, é só mais um pouco – Marcos conseguiu desviar o golpe de Nícolas, mas logo depois era derrubado caindo de bunda no chão. Sendo recebido por uma gargalhada do mestre – Já acabou, é o bastante por hoje Nícolas.
- Vamos levante-se. – Diz Nícolas jogando a espada para longe e estendendo a mão para Marcos.
- Quero revanche meu caro, não ti venci por pouco. E Nícolas assentiu.
- Quem sabe na próxima. Por enquanto eu sou o melhor!
Eles se afastam em direção ao castelo, o dia ainda não tinha acabado e era apenas momento descanso.

Tratavam aqueles momentos de luta como brincadeira e uma boa forma de não se manter parados. Apesar de a muito tempo o reino não ter entrado em confronto com as dezenas de outros reinos que se espalhavam por aquela terra, tinham que se manter em movimento e o rei incentivava isso.  

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Para Ser Sincero, ou Não!


OS MEDOS EXISTEM AOS milhares, ou talvez uma dúzia, no meu caso tão medroso que sou. E o principal, que se agarra tão forte em mim, e em todos os outros medos tem uma parte. É o de não conseguir conquistar um diploma nessa tal de “Escola da Vida”, que alguns antigos insistem em me falar. 

Medo, medo, medo... Talvez não seja o de errar nesse texto, pois ele poderá ser revisto. Mas quem sabe o de ser mal entendido. Uma palavra que ofende muitas vezes é a impensada. Também pode ser aquela que sai flutuando de minha boca ou é destacada de uma folha de papel, em que escrevo, sendo transportada por outras pessoas.

O tremor nas mãos que algumas vezes é irradiado pelos braços até o corpo. Tão facilmente perceptível em situações totalmente incompreensíveis é ele. Algum maldito temor qualquer.   

Seja aniquilada, expectativa de tropeçar em uma rachadora ou talvez a pedra no meio do caminho, a minha não a de Drummond! Porque ele já aprendeu com ela e a carrega com sigo, guardada nas paginas de seus livros, cheias de perguntas de uma vida passada.

Tudo depende de mim, o mim totalmente absoluto de que não tenho escapatória e que sismo em odiar. Esses pensamentos tanto me parecem alto ajuda, de que não gosto!

Vamos, vamos, vamos dormindo meu caro Guilherme, pois já é Hora. Deixe essas poucas palavras pra depois. O que foi dito não merece ser repetido, não agora!  


domingo, 15 de dezembro de 2013

A VIDA


AS LUZES SE ASCENDEM, chamando todas as atenções, o burburinho se aquieta. Palco iluminado, um ator em sena, único e solitário rapaz:

“Vou falar de coisas distantes, alcançáveis apenas pelas mãos do pensamento. Falarei sobre sentimentos disfarçados pela leve capa da falsidade, desejos indiscretos, olhares mal interpretados ou nem tanto. Sobre a dificuldade de se dizer uma única palavra e em alguns momentos, se tornar impossível organizar o pensamento. Disso e muito mais falarei!”

Apresentações feitas, uma cortina se abre e o rapaz sai de sena mostrando um casal, cada um em seus afazeres da vida. Um homem e uma mulher que sabem que o outro existe, mas não dão nenhuma importância na imagem de seu contrario. Ele lê, ela escuta musica.

Fora o fato de que a vida dos dois seguia por linhas completamente diferentes, eles não devem se envolver de nenhuma forma. Apenas por um olhar dela de vez em quanto e um leve cochichar: “que garoto estranho!”

Ele tinha grandes cenas de batalhas entre seus heróis, rolando em sua mente. Homens valorosos que lutavam por algo que valia apena, não apenas viver, por um bem maior. Naquelas fantasias se expressava bem. Derrotava monstros, conquistando a vitória facilmente. Em sua realidade as dificuldades falavam mais auto. 

A menina também gostava de ler, mas presa a terra ou nem tanto estava à espera de um príncipe encantado e, assim se foi passando o tempo.

Encontraram-se na faculdade, os dois com o sonho de serem professores. Descobrindo mais coisas em comum do que se imaginariam ter.

Ela era possessiva aos extremos!

Ele a amava tanto, sentia uma necessidade enorme de conservá-la junto a si.

Os dois começaram um belo namoro, com todas as formalidades de se apresentar as famílias de cada um, construindo laços. E tão inesperadamente o primeiro e único filho veio os unindo ainda mais.

Já moravam juntos e continuariam assim até que a morte os separasse.

A cortina se fecha e novamente a ator solitário entra em sena.

“Não esperemos que esse seja um final feliz, meus caros amigos. Talvez nem tenha começado ainda, pode ser apenas um desejo, a ânsia de se realizar um destino ainda muito distante.”  
   


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

UNIVERSO


É INTERESSANTE IMAGINAR O universo comprimido em toda sua matéria, num único ponto. Com a grande explosão espalhando tudo em todas as direções. Até que chega um momento que a matéria volta a se comprimir criando uma nova grande explosão, sempre se repetindo. Mesmo como um coração que se contrai e expande eternamente, o tempo de cada batida durando muitos bilhões de anos. 

Que sensação estranha, sinto uma angustia enorme em pensar no vazio. Sempre o definindo como um negror intenso e sem limites. Talvez seja o mesmo tipo de medo em que a pessoa sonha que esta caindo eternamente.

Imagine o universo como um circulo em sua mente, ele é um circulo perfeito. Agora faça ele crescer, chegara um momento em que você não verá mais suas bordas. Esse é o universo infinito, ele sempre vai se expandir mesmo que você tende ir em direção a seus limites, não vera seu final. 

Meu caro amigo talvez eu peque em minhas explicações, mas vala apena ser dito. Temos azas na imaginação que muitas vezes diria serem azas com penas pregadas por cera. Como Ícaro ela pode voar muito alto e acabar caindo no mar.

Quantos mundos podem existir com vida inteligente? Quantas civilizações já não foram mortas pelo passar do tempo? Perguntas que só a ficção pode responder para alimentar nossa mente.

Quem sabe num futuro distante novas histórias sejam escritas, se tornando realidade o que hoje não é. Afinal esse céu estrelado é infinito e cheio de oportunidades.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Sarau - "Poemus" - Rio Preto (MG) Parapeúna, Valença (RJ)

No dia 05 de dezembro de 2013, recitei estes dois textos no Sarau “Poemus”




Quando você acreditar em mim, vou me jogar aos seus pés. Vou rezar um desses crucifixos inteiros, bolinha por bolinha, machucando os dedos. Vou pedir perdão pelo que não fiz. Vou prometer o que não devo. Vou declarar imposto de renda. Cozinhar, lavar, passar, chupar e lhe engolir. Tirar o pó de cima desse espelho onde caímos de cabeça. Quando você acreditar em mim, vai ser uma loucura. Vou cortar os pulsos, sair correndo, pular do prédio. Na alegria e na tristeza. Na dor de cotovelo e na doença venérea. Você vai acreditar em mim como nunca acreditou em outra coisa inexistente. Então eu vou ser seu deus, vou abrir a porta do meu reino dos céus e pedir umas provas de amor de vez em quando, só pra encher o saco. 



O torturador
difere dos outros
por uma patologia singular
— ser imprevisível
vai da infantilidade total
à frieza absoluta.

Como vivem recebendo
elogios e medalhas
como vivem subindo de posto,
pouco se importam pelos outros.
Obter confissões é uma arte
o que vale são os altos propósitos
o fim se justifica,
mesmo pelos meios mais impróprios.

Além de tudo o torturador,
agente impessoal que cumpre ordens superiores
no cumprimento de suas funções inferiores,
não está impedido de ser um pai extremoso
de ter certos rasgos
e em alguns momentos ser até generoso.

Além disso acredita que é macho, nacionalista,
que a tortura e a violência
são recursos necessários
para a preservação de certos valores
e se no fundo ele é um mercenário
sabe disfarçar bem isso
quando ladra.

Não se suja de sangue
não macera nem marca,
(a não ser em casos excepcionais)
o corpo de suas vítimas,
trabalha em ambientes assépticos
com distanciamento crítico
— não é um açougueiro, é um técnico — 
sendo fácil racionalizar
que apenas põe a serviço da pátria
da civilização e da família
uma sofisticada tecnologia da dor
que teria de qualquer maneira
de ser utilizada contra alguém
para o bem de todos.



In: ALVERGA, Alex Polari de. Inventário de cicatrizes. Apres. Carlos Henrique de Escobar. 3.ed. São Paulo: Teatro Ruth Escobar; Rio de Janeiro: Comitê Brasileiro pela Anistia, s.d