quinta-feira, 28 de novembro de 2013

TUDO NOSSO



ELE SABE QUE ALGUMA coisa sempre vai faltar, na questão do aprendizado e percepção do mundo. Tem a noção que sempre quando olhar o céu a noite uma estrela vai se mostrar mais forte, uma que não estava ali antes.

“Controle do sistema recalibrado. Monitoramento espacial em funcionamento, um trilhão de corpos celestes contabilizados e o dobro disso em asteroides e destroços espaciais.”

Mas o espaço é infinito, cada vez mais informação...

“Devaneios, Ezequiel, não vão adiantar. Para que olhar o vazio se os computadores já vazem isso para nós, se algo de diferente for descoberto vamos saber!”

“Estou ciente disso. Apenas olho para o passado, tudo isso vale apena, cada ponto nesse fundo negro é um sinal do que já foi.”

“De que nos serve o passado, vale mais o que está por vir.” E olhou curioso para o teto negro da espaçonave.


“Talvez tenha razão... mas é nosso legado, todos nós somos donos desse vazio.” E estendeu os braços tentando abraçar o mundo. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

TENTANDO LEMBRAR


SENTADO NA FRENTE DO computador, remexendo em suas pastas, ele percebeu aquela foto solitária em uma pasta que não deveria estar no lugar em que eram guardados arquivos de texto. Se orgulhava de que sabia onde  tinha colocado qualquer arquivo, Mas aquele não deveria estar lá.

Em um pequeno quadradinho na tela, podia ver uma menina, com dois clicks ampliou o visor. Não conseguia se lembrar daquele rosto sorridente, talvez tenha bloqueado algum fato de suas lembranças, afinal já era velho e muitas pessoas da infância já desapareceram de sua vida. Tentava marcar um nome naquele sorriso, naqueles olhos e nos óculos, mas... Como saber.

Nomes são meros rótulos. Talvez uma letra, a primeira, ajudaria a lembrar.

Porque não tinha escrito uma informação sequer naquele arquivo?

Ninguém tinha mexido no computador!

Com certeza ela era um amor de há muito tempo.


Colocando-a no lugar devido e ainda sem saber quem era, a deixou quieta por um tempo. Quem sabe viria do nada alguma lembrança boa relacionada aquele rosto e o nome depois, seria uma consequência.                   

terça-feira, 19 de novembro de 2013

O Decreto do Rei



“É imposto por lei, neste reino a partir deste dia em diante. Que cada cidadão devera manter aquilo que está dito como ‘boa aparência’ aquele que for pego infrigindo as normas ditadas neste decreto, receberá pena de morte, após exposição publica.”


E as mortes foram acontecendo. O Rei destacou uma junta de poucas pessoas para julgar e condenar os que andavam de forma estranha ou se vestiam e falavam estranhamente. Na verdade essa lei imposta pelo Rei era uma desculpa para derrotar seus inimigos, pois desconfiava do inicio de uma possível revolta.

De um reino muito afastado e a muito tempo sem contato com outra civilização. A ignorância e desinformação imperavam. Fome era uma sensação conhecida até pela pequena parcela mais rica do reino. E não é de deixar de entender os motivos do Rei, prepotente que acumulava as poucas riquezas e ainda não fora deposto pelo medo que gerava na população.   
  
Vestido de maneira espalhafatosa com varias camadas de roupa recobrindo seu corpo malcheiroso. Era a pessoa mais estranha do reino, o próprio Rei, desprovido de beleza e com voz esganiçada, se dizia o mais belo e qualificado homem, comparado com todos os seus súditos. O que fazia mais contraditória sua lei, deveria ser o primeiro a ir em direção da morte.

Foi o que um menestrel percebeu, espalhando suas cantigas para tentar colocar na mente de todos o que é fato, o Rei deve ser morto por sua própria lei. Espalhando-se de boca á boca os versos esclarecedores criaram vida, alimentando o instinto de revolução mesmo depois da morte do pobre menestrel.

Tentativas de controlar o que era dito não surtiram efeito, mesmo com os enforcamentos e decapitações crescendo em cada dia. Só se reavivavam o grito de protesto ainda mais: “O REI DEVE SER MORTO POR SUA PRÓPRIA LEI!”

O povo foi as ruas e a reação do governo se enfraqueceu em frente da força maior, com o grito de protesto repetido em cada instante. As portas do castelo derrubadas pela avalanche de pessoas e o governante, encurralado na torre mais alta. Arrastado em direção a multidão, foi morto ali mesmo em frente às portas do castelo. Aliviando todos com o velho ditado: “Rei morto rei posto.”  

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

CONSCIÊNCIA


HÁ MOMENTOS EM QUE as coisas não se movem, em que se você pudesse ver, as gotas de chuva iriam parar em sua frente e os milhões de gotas refletiriam seu rosto. Momentos em que o ar se torna pesado e a lentidão dos movimentos ti atormentam.

Há momentos em que as coisas resolvem se agitar como um filme em alta rotação, sua cabeça gira em volta de si.

As árvores se movimentam querendo ti contar o que não é dito. Os ventos uivam na loucura de abafar os sons em seu peito e as folhas secas se espalham pelo chão.

Alguns momentos realmente não fazem sentido, sonhar acordado ou acordado sonhando, viver na ilusão ou não viver na ilusão. Você não tem escolha ou é ou não é. E eles vão e vem sem se importar, afinal é sua consciência!


O mundo se transforma sendo carregado nas patas de um cavalo e funciona! Os dias se acumulam feito contas pra pagar e não estou nem aí e as horas feito os dias, me mostram que existe algo para ser feito e não faço.  

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

SONHO: CAMPO DE BATALHA



ENTÃO, SONHOU QUE TINHA culpa o corroendo dolorosamente, apertando e comprimindo seus pensamentos. 

Sua vista alcançava todo o campo de terra, coberto por lama, sangue e corpos dos soldados que a poucas horas lutavam bravamente.

Um escurecer de fim de tarde o cobria e comprimia ainda mais sua consciência. Fora causador da morte de todos á sua volta companheiros, inimigos.

Era o único que sobrara! Cansado, com vários cortes pelo corpo, elmo amassado, ainda carregando sua espada que parecia pesar uma tonelada.

E o sonho parava aí e se repetia. Via-os morrendo, sentia o arder de um corte em seu rosto, o latejar de seus músculos. Até que acorda e mal diz o livro que estava lendo.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

NÓS DOIS


NÓS DOIS
SOMOS UM,
DE DOIS
DOIS DE UM.

NO PRIMEIRO
VIMOS TUDO.
NO ULTIMO
 JÁ NÃO NOS IMPORTAMOS.

SE MELHOR FOI
NÃO CONSIGO DESCOBRIR
O SEU MUNDO ME MOSTROU
O MEU MUNDO JÁ SABIAS.

FOI O MEL
FOI A LAGRIMA
FOI O DIA
FOI À NOITE

NOSSO LAÇO,
NÓS DOIS,
MUITO FORTE
MUITO PERTO.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

DESPERTAR


ACORDOU TRANQUILAMENTE, MAS COM uma imensa fome. A comida não lhe satisfazia a bebida descia rasgando sua garganta. Pensava que nada iria ser mais como era entes e acertava. Quando levantou de sua cama e seus pés tocaram o chão, uma friagem imensa percorreu todo seu corpo, a vida já não estava lá, mas sentia como se nunca tivesse tido sensações, porque seus sentidos estavam renovados.

Sua dama de companhia ao vê-la se assustou com sua aparência e pele de uma brancura mortal. Mas como a princesa falasse tranquilamente, pensou que fosse um simples mal estar. E o dia das duas foi se prolongando nas conversas que surgem naturalmente.

Ela escutava as pulsações de Mabel, conseguia imaginar o sangue correndo nas dezenas de veias que se entrecruzavam e a velocidade constante da circulação. Aquilo a atraia!

- Mabel eu acho que estou muito mal, hoje acordei indisposta.    

- Posso preparar um banho senhora!

O corpo de Elaine, pois esse era o nome da princesa, sem suas camadas de roupas assustou ainda mais Mabel. O habitual rubor da pele já não existia mais e longos cabelos loiros cobriam costas de uma cor marmórea.  

Mabel era poucos anos mais velha do que Elaine e as duas eram grandes amigas, até quando uma relação senhor e vassalo o permitia. Ajudou sua senhora a se vestir e se pois a pentear seus dourados cabelos.

A fome aumentava e as pulsações sanguíneas de Mabel, acendiam um instinto que lhe mostrava o que fazer. Elaine se controlava, deixando que o pente de cabo de prata separasse seus cabelos.

Dum momento para o outro, o pente parou de fazer seu vai e vem e caiu no chão. Mabel sei colocou ao lado da cadeira onde a princesa se sentava e sem nada dizer se ajoelhou deixando cair sua cabeça para o lado.


- Desculpe. - Disse Elaine e com um grande alivio se saciou ao beber as primeiras gotas de sangue.    

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VAMPIRO