NATANAEL ERA UM GAROTO de
15 anos, que vivia pacatamente em uma cidade do interior do estado do Rio de
Janeiro. Deste que nasceu, entrou em um mundo de livros, inclusive seu nome foi
retirado de uma história que seu pai se identificara.
O pai de Natanael possuía
uma biblioteca enorme com mais de mil volumes, em uma área reservada da casa.
Deste os mais baratos, passando para os mais antigos aos mais caros. Dizia ele
que gostava de pensar por quantas mãos passaram aqueles volumes amarelados que
possuíam uma coleção de tantas dedicatórias de desconhecidos. Algumas eram de
amigos de seu pai. Mas muito poucas!
Aprendeu a ler com 4 anos
e a partir de então não parou mais. Lia um livro atrás do outro como uma
verdadeira traça. E começou a montar sua biblioteca em seu quarto.
Um dia, um livro
diferente apareceu em sua vida. Saindo do colégio o encontrou abandonado em um
dos vários bancos verdes de uma praça, que tinha o costume de atravessar para
chegar em sua casa. Curioso pelo assunto e pelo fato de ter descoberto um
objeto daquele, totalmente abandonado sem ninguém por perto para reivindica-lo.
Foliou as páginas para procurar alguma dedicatória ou assinatura. Nada achou,
ou antes apenas uma coisa, escrito na ponta superior da primeira página duas
palavras “Livro Circulante”, ficou muito alegre por ter descoberto um daqueles
livros. Sabia muito bem o que era um livro circulante e o que deveria fazer com
ele. Deveria ler e passar adiante! Muito feliz o guardou na mochila e foi em
borá pensando em quem o tinha lido antes.
Em casa foi correndo ao
seu quarto, para colocar o seu achado em um lugar seguro.
A casa de Natanael era
diferente de todas as outras, não tinha televisão, não por seus pais não terem
condição financeira para ter uma. Mas pelo fato de considerarem um objeto
superfulo e criador de mentes fracas. Quanto ele era mais novo esse assunto foi
discutido muitas vezes entre ele e seus pais, principalmente pelo convívio que
tinha com os amigos e pelo fato de todos conversarem sobre programas que
assistiam em casa, causando meio que uma exclusão social de Natanael em sua
sala de aula. Seu contato com um aparelho desses era muito pouco, em casos
excepcionais conseguia assistir alguns desenhos na casa de um amigo, mas aquilo
não conseguiu lhe chamar muita atenção e por isso deixou de lado esse assunto e
se afundou muito mais na leitura.
A noite, no seu quarto
Natanael começou a ler o que seria um livro fantástico. Com vilões que
controlavam magia e um herói humilde, que
apenas se tornou um herói por persistência e força de vontade e foi
assim pelo resto da semana.
A cada noite se sentia
sonolento mais sedo, queria muito terminar de ler a história, mas o sono
chamava antes. Dormia tranquilamente e acordava no dia seguinte como se
estivesse se deitado a alguns minutos.
Nas ultimas páginas,
sofridas e demoradas pelo cansaço, lamentou o destino do herói que tinha visto
crescer diante de seus olhos. E foi dormir pensativo:
- Pra quem vou passar
esse livro? – Disse ele pensando se seu pai gostaria de ler.
Pode se dizer que esse
era o começo da vida de Natanael e não o dia de seu nascimento nem a hora que
recebeu um nome de um personagem de livro qualquer. Mas sim na noite em que
acabara de ler o livro circulante.
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