sábado, 3 de agosto de 2013

Prisão




ERA ADEPTO DA LIBERDADE incondicional, nascera para ser livre, a natureza não o fizera assim? Não tinha casa ia para onde os ventos o levavam, parava aonde quisesse, sempre conseguia o que comer. Diria se que voava literalmente de cidade em cidade, visitando varias casas por onde passava sem destino certo. Gostava de cantar, e seu canto só trazia admiração. Todos que o escutavam se derretiam de amores por ele.

Estava preço há uma semana e não gostava de sua nova situação. Afinal quem gosta de viver sem liberdade?

No dia em que foi pego se revoltou. “Como aquilo poderia acontecer com ele?” Não quis saber de conversa, esperneou até não poder mais. Nada adiantando, só conseguindo se machucar. Estava atrás das grades, por aparentemente nenhum motivo, não fizera nada.

Não aquentava a monotonia daquela gaiola, o tempo não passava da mesma forma de antes. Recorreria às lembranças do passado se pudesse, mas só pensava em sair dali.

A leve brisa em seu rosto era formidável, gostava dela agora como nunca avia gostado antes. Na falta é que percebia o valor das coisas. Mas não era de notar essas contradições da vida, só sentia falta e pronto.

A armadilha que montaram para pegá-lo foi uma covardia das grandes. Já tinha visto isso várias vezes! Um seu amigo morrera uns dias atrás com o pescoço quebrado, por acreditar poder fugir antes que a tampa se fechasse.

Mas a fome e a certeza de ser mais esperto eram grandes ou foi o esquecimento repentino do perigo? Uns poucos grãos, uma peneira, sua atenção esfaimada e um graveto puxado por um barbante foram sua desgraça. De uma hora para outra estava preso dentro da gaiola e o garoto que o avia pego se perguntava quando ele voltaria a cantar novamente.

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