ERA ADEPTO DA LIBERDADE incondicional, nascera para ser livre, a natureza não o fizera assim? Não tinha casa ia para onde os ventos o levavam, parava aonde quisesse, sempre conseguia o que comer. Diria se que voava literalmente de cidade em cidade, visitando varias casas por onde passava sem destino certo. Gostava de cantar, e seu canto só trazia admiração. Todos que o escutavam se derretiam de amores por ele.
Estava
preço há uma semana e não gostava de sua nova situação. Afinal quem gosta de
viver sem liberdade?
No dia em
que foi pego se revoltou. “Como aquilo poderia acontecer com ele?” Não quis
saber de conversa, esperneou até não poder mais. Nada adiantando, só
conseguindo se machucar. Estava atrás das grades, por aparentemente nenhum
motivo, não fizera nada.
Não
aquentava a monotonia daquela gaiola, o tempo não passava da mesma forma de
antes. Recorreria às lembranças do passado se pudesse, mas só pensava em sair
dali.
A leve
brisa em seu rosto era formidável, gostava dela agora como nunca avia gostado
antes. Na falta é que percebia o valor das coisas. Mas não era de notar essas
contradições da vida, só sentia falta e pronto.
A
armadilha que montaram para pegá-lo foi uma covardia das grandes. Já tinha
visto isso várias vezes! Um seu amigo morrera uns dias atrás com o pescoço
quebrado, por acreditar poder fugir antes que a tampa se fechasse.
Mas a
fome e a certeza de ser mais esperto eram grandes ou foi o esquecimento
repentino do perigo? Uns poucos grãos, uma peneira, sua atenção esfaimada e um
graveto puxado por um barbante foram sua desgraça. De uma hora para outra
estava preso dentro da gaiola e o garoto que o avia pego se perguntava quando
ele voltaria a cantar novamente.
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