ORIGINALIDADE,
ELES PEDEM ORIGINALIDADE! “Não queremos esse deserto de mesmas coisas, queremos
outros pontos de vista.” - dizem eles, implorando por outras formas, outros
sabores. “Já estamos fartos de mesmas histórias, mesmos contadores que se
repetem como se fossem discos aranhados.”
“O igual já cansou, está gasto de tanto ser forçado
em mentes fracas e oprimidas. O vilão perde sempre, o mocinho sempre ganha. Que
lindo não seria, se fosse real?"
Eles
estão pregando cartazes por todas as partes, com esses dizeres.
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“Ah, sonhadores...” diz um velho raquítico,
com poucos cabelos que sobreviveram ao tempo, em sua cabeça enrugada.
“Sonhadores
que nada, meu avô.” - afirma o garotinho, com roupas sujas de lama e sorriso
fácil. “São os novos contadores de Histórias, querem renovar o mundo.” E o velho não responde, se perguntando o porquê
de tudo aquilo.
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E à noite lá estão eles, são três: dois homens e uma mulher, vestidos de maneiras extravagantes.
Um dos homens, o mais velho, toca um instrumento de corda. Ele está quieto em
seu banco. O outro homem e a mulher de longos cabelos escuros dividem a
história, colocando pontos e expressões, cada um, formando a personalidade de
um personagem deferente.
O garoto está entre os que assistem, quieto, esperançoso. Olha fixamente para a
moça, ela não deve ter mais que dezoito anos, “tão bonita”, - diz ele baixinho.
As
horas passam, a multidão aumenta e o garoto lá, exprimido entre vários adultos.
“O herói
de nossa história, não era um homem bom.” - dizia a moça com um ar de mistério.
“Ele tudo fez para ter a mulher que amava.” Continuava o homem, acompanhado pelo
tocar do instrumento.
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O final
surpreendente foi a gota d´água para o futuro do garoto, que virou escritor. Ele
conheceu os contadores, se apaixonou pela moça, que mais à frente aparecia tão
frequentemente em seus escritos. Era sua musa inspiradora.
O velho
passou o resto de sua vida preso às velhas histórias, sempre com aquela palavra que o acompanhava: “Sonhadores.”
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