domingo, 25 de agosto de 2013

CONTADORES DE HISTÓRIAS


ORIGINALIDADE, ELES PEDEM ORIGINALIDADE! “Não queremos esse deserto de mesmas coisas, queremos outros pontos de vista.” - dizem eles, implorando por outras formas, outros sabores. “Já estamos fartos de mesmas histórias, mesmos contadores que se repetem como se fossem discos aranhados.”

“O igual já cansou, está gasto de tanto ser forçado em mentes fracas e oprimidas. O vilão perde sempre, o mocinho sempre ganha. Que lindo não seria, se fosse real?"

Eles estão pregando cartazes por todas as partes, com esses dizeres.


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 “Ah, sonhadores...” diz um velho raquítico, com poucos cabelos que sobreviveram ao tempo, em sua cabeça enrugada.

“Sonhadores que nada, meu avô.” - afirma o garotinho, com roupas sujas de lama e sorriso fácil. “São os novos contadores de Histórias, querem renovar o mundo.”  E o velho não responde, se perguntando o porquê de tudo aquilo.


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E à noite lá estão eles, são três: dois homens e uma mulher, vestidos de maneiras extravagantes. Um dos homens, o mais velho, toca um instrumento de corda. Ele está quieto em seu banco. O outro homem e a mulher de longos cabelos escuros dividem a história, colocando pontos e expressões, cada um, formando a personalidade de um personagem deferente.

O garoto está entre os que assistem, quieto, esperançoso. Olha fixamente para a moça, ela não deve ter mais que dezoito anos, “tão bonita”, - diz ele baixinho.

As horas passam, a multidão aumenta e o garoto lá, exprimido entre vários adultos.

“O herói de nossa história, não era um homem bom.” - dizia a moça com um ar de mistério.

“Ele tudo fez para ter a mulher que amava.” Continuava o homem, acompanhado pelo tocar do instrumento.


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O final surpreendente foi a gota d´água para o futuro do garoto, que virou escritor. Ele conheceu os contadores, se apaixonou pela moça, que mais à frente aparecia tão frequentemente em seus escritos. Era sua musa inspiradora.

O velho passou o resto de sua vida preso às velhas histórias, sempre com aquela palavra que o acompanhava: “Sonhadores.”  

     

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