sexta-feira, 30 de agosto de 2013

DEFINIÇÃO “INCOMPLETA”


ATE QUANTO UMA PESSOA que tem pretensões a escrever, pode se chamar escritor? Eu posso me considerar um escritor? Tenho a capacidade de prosseguir e melhorar minha escrita? Colocar as ideias em um papel, formar uma história do nada, cometer o pecado de transformar minhas opiniões em palavras.

De maneira nenhuma me considero um escritor. Acredito que esse nome seja um status muito elevado, concedido para os melhores, mas afinal isso tudo é apenas minha opinião!

Talvez possa ser uma transformação que aconteça aos poucos, lançando palavras ao vento e esperando que alguém as ouça e, certo dia eu acorde e perceba que foram escutadas. Talvez, precise de anos e anos, livros publicados, pessoas que mi leem constantemente e, gostem do que escrevo.

Sou um projeto, um aspirante as palavras, não as domino, apanho delas constantemente. Depois de livros e livros lidos a semente foi plantada ou o desejo de conseguir algo que os outros conquistaram foi imposto.

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Sendo um ser anormal os escritores veem o mundo de formas diferentes, seus sentimentos ou angustias costumam dominar suas páginas, uma palavra pega de relance, uma frase não muito usada, podem desencadear uma avalanche de pensamentos. Que só se esgota depois de muito tempo escrevendo. Isso talvez seja o único remédio, para suas megalomanias.

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Não sou dotado de mania de grandeza ou talvez seja e não queira admitir. Será que me colocar na história seja uma prova disso? Ouvi dizer que o personagem principal de um primeiro romance, é o próprio escritor querendo se colocar em situações que não poderia realizar. Bom, existem muitas situação que não posso fazer.

Quem sabe eu queira me mostrar, como já disse, jogando palavras ao vento. Todos que escrevem têm um pouco disso, eles querem ser lidos e, por quanto mais pessoas melhor.

Vou continuar escrevendo, tentando colocar algo no papel e adquirir minha megalomania que penso não ter.      


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

TEMPO PASSADO


CAMINHO PELAS BORDAS DO passado tentando ver a antiga realidade das coisas. Realmente na foto é guardado algo mais do que uma imagem, talvez fosse o momento congelado no tempo. E a memória tenta recompor o que falta ou a imaginação construir o lugar onde você não estava presente, num tempo em que nem era nascido.

Uma pedra na causada que daqui a pouco já não esta mais ali, lançada longe por uma pessoa qualquer, uma folha caída lá do alto de um galho vem descendo carregada pelo vento, a sensação de isso já ter aconteceu e de que vai se repetir.

Como se fosse um filme antigo; Tudo é desbotado, sem cores. Ali está uma casa que já não existe mais. Talvez algum ancestral meu more ali! Mas não posso entrar, minha liberdade é restrita nesse local, estou preso ao lado de fora.

Onde estão às árvores que a todo dia vejo e as pedras do calçamento?

O rio ao lado, mais limpo, penso. A praça me é estranha, tantas palmeiras e algumas árvores que já não existem mais. Se não reconhecesse os sinais que resistiram ao tempo, diria estar em outro lugar qualquer.

Os morros não têm casas, o povoado concentrasse mais perto do rio, ainda tímido em se expandir, está totalmente do lado de cá.

Ando por aquelas ruas, como se fosse um fantasma. As pessoas que passam não me notam. Não consigo ver os detalhes de seus rostos, como se a miopia os embaça-se, nada do que existia pode ser revivido 100%, porem o que vejo me impressiona. Deixando o falso sentimento de que no passado a vida era melhor.

E de repente tudo se desfaz, desbota ainda mais, desaparece de vista. E o que fica apenas é um papel com poucas palavras escritas a caneta e uma foto que ainda sobrevive.  


domingo, 25 de agosto de 2013

CONTADORES DE HISTÓRIAS


ORIGINALIDADE, ELES PEDEM ORIGINALIDADE! “Não queremos esse deserto de mesmas coisas, queremos outros pontos de vista.” - dizem eles, implorando por outras formas, outros sabores. “Já estamos fartos de mesmas histórias, mesmos contadores que se repetem como se fossem discos aranhados.”

“O igual já cansou, está gasto de tanto ser forçado em mentes fracas e oprimidas. O vilão perde sempre, o mocinho sempre ganha. Que lindo não seria, se fosse real?"

Eles estão pregando cartazes por todas as partes, com esses dizeres.


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 “Ah, sonhadores...” diz um velho raquítico, com poucos cabelos que sobreviveram ao tempo, em sua cabeça enrugada.

“Sonhadores que nada, meu avô.” - afirma o garotinho, com roupas sujas de lama e sorriso fácil. “São os novos contadores de Histórias, querem renovar o mundo.”  E o velho não responde, se perguntando o porquê de tudo aquilo.


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E à noite lá estão eles, são três: dois homens e uma mulher, vestidos de maneiras extravagantes. Um dos homens, o mais velho, toca um instrumento de corda. Ele está quieto em seu banco. O outro homem e a mulher de longos cabelos escuros dividem a história, colocando pontos e expressões, cada um, formando a personalidade de um personagem deferente.

O garoto está entre os que assistem, quieto, esperançoso. Olha fixamente para a moça, ela não deve ter mais que dezoito anos, “tão bonita”, - diz ele baixinho.

As horas passam, a multidão aumenta e o garoto lá, exprimido entre vários adultos.

“O herói de nossa história, não era um homem bom.” - dizia a moça com um ar de mistério.

“Ele tudo fez para ter a mulher que amava.” Continuava o homem, acompanhado pelo tocar do instrumento.


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O final surpreendente foi a gota d´água para o futuro do garoto, que virou escritor. Ele conheceu os contadores, se apaixonou pela moça, que mais à frente aparecia tão frequentemente em seus escritos. Era sua musa inspiradora.

O velho passou o resto de sua vida preso às velhas histórias, sempre com aquela palavra que o acompanhava: “Sonhadores.”  

     

sábado, 24 de agosto de 2013

Terra de Ninguém


SERES DE CORPOS MAGROS, altos, escondidos por varias camadas de roupa, exalando perfumes enjoativos, mas que tanto os agradam. Passam horas se olhando em espelhos, testando posições, gestos, trejeitos. Seus rostos cobertos por mascaras: sorridentes, angustiadas, nervosas, desesperadas, algumas espelhadas outras bem coloridas ou nem tanto.

E depois de horas na frente do espelho se postam como estatuas, pensativos, talvez olhando para o vazio. Sem direção ao certo, as reentrâncias de suas mascaras não revelam seus olhos. Nunca se vil seus verdadeiros rostos, e conhecedores afirmam não querer ver, com o receio do que verdadeiramente as mascaras escondem. Não comem, não dormem, e desconfio que nem existam. Talvez sejam apenas panos animados por alguma força invisível, simples marionetes controladas por fios inexistentes.

Será que algum motivo tem, para existir?

O domínio dessas criatura é uma terra seca, quebradiça, que a muito tempo não vê nem um pingo de verde. Terra de ninguém é seu nome, onde poucos têm a verdadeira coragem de pisar e uma grande quantidade dos que vão, estão a procura da morte. A conseguindo alcançar ou simplesmente ficando loucos.  

Seu encontro com um ser humano, não é perigoso de nenhuma forma, muitos simplesmente não os notam, eles não se notam nem entre si. Mas em alguns casos raros podem demonstrar curiosidade estrema, com suas mascaras encarando o homem cara-a-cara, com uma pergunta impronunciável “quem és tu?”, curiosidade que some rapidamente, morta por seus reflexos no espelho.

Terra de ninguém, onde muitos perigos existem. E poucos sobrevivem.

Um céu eternamente em fim de tarde, poucas carcaças de árvores espalhas por aqui e ali, silencio total, para todos os lados que se vê, apenas desolação e esses fantasmas que sugam da terra tudo que há de bom.           

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Sobre Uma História


Ganho de presente 
QUEM SOU EU PARA falar sobre isso, ou melhor, escrever sobre isso. Não me dou o direito da critica, mesmo sendo bastante critico. Há os que podem dizer que não, “O Gui não tem nada de critico, devora todos os livros que encontra, feito uma traça.” Talvez por mi verem sempre lendo.

Leio muitos livros, de diferentes classificações. E acabei de ler um que gostei muito, “As Aventuras de Pi”, me  fascina e indigna...

Uma coisa nova veio com esse livro. Eu geralmente assistia aos filmes que se originaram de um livro e, depois o lia. Então as imagens e modo de falar dos personagens já eram marcados em minha mente, o livro era digerido através do filme. Realmente não sei se isso é bom ou ruim.

A ordem dos fatores não altera o produto, pode ser verdade em certa parte, mas no caso das experiências é totalmente diferente. Vê, lá vou eu colocando opinião nas coisas, mas já que comecei vamos terminar.

Gostei muito de ver o filme através do livro, as senas e as frases encontradas rapidamente nas páginas, passadas de minuto a minuto. Foi um acréscimo à história, tudo criando forma e substancia na hora certa.

E no final, que saudades de Richard Parker, por onde andas meu caro? 

EXPLORAÇÃO - PARTE III


- OUTROS TEMPOS -

FICAVA SENTADO PERTO DE sua casa, já era  bastante velho o que o fazia ser respeitado e procurado. No dia em que os dois humanos vieram, começou a esperar grandes coisas.

Um homem e uma mulher, se diziam de outro planeta e apontavam as estrelas tentando mostrar um ponto luminosa em especial, Terra.

“Nós queremos saber sobre vocês, sua história!” Dizia o homem tentando ser entendido. Ele com todo prazer contou tudo que pode.

Quando os dois quiseram ir na direção das ruínas ele tentou impedi-los. “Não podem entrar em um local sagrado.” Mas o homem insistia.

Tentou impedi-los colocando medo, sabia que o medo era a solução, inventou lendas falando sobre morte. Mas eles foram mesmo assim. Não usou de força, sentia que os tempos eram outros.

E quando o homem apareceu novamente em sua casa, soube o que precisava ser feito. Se curvou sentindo o peso do tempo sobre suas costas e atendeu a seu pedido. Afinal eram outros tempos.


     EXPLORAÇÃO

sábado, 17 de agosto de 2013

EXPLORAÇÃO - PARTE II


 - GUILHERME -

JÁ SAI A ALGUNS dias e me localizo nas ruínas, Isadora me preocupa, não tenho nenhum sinal de comunicação, ela deve estar desesperada. Nós dois estamos nesse planeta a um ano da terra.”

“Registramos e catalogamos espécimes, e as histórias de uma civilização alienígena. Primeira raça comprovadamente alienígena que a humanidade encontrou a séculos.”

“Eles me lembram os antigos índios da terra... Índios que não existem mais, foram todos incorporados à civilização.”

“Com a descoberta das lendas que se referem a essas ruínas, Isadora se assustou, ela é facilmente influenciável, leva tudo ao pé da letra.”

“Tive que deixá-la no acampamento, tentou me convencer a levá-la comigo, mas não aceitei precisava mais dela ali. Nos comunicamos poucas vezes, depois o sinal caiu, alguma interferência magnética com certeza.”  

“Guando via as ruínas pela primeira vez, fique extasiado. Sou fascinado por história e estou abrindo um novo ramo dessa árvore que compõe todos os fatos históricos do planeta terra, talvez essa civilização que vejo através do passado tenha algum contato com nosso planeta.”     

“Enormes construções feitas com gigantesco blocos vermelhos da terra daquele local. Consigo ver alguns desenhos incrustados nos blocos, vários estão bastante corroídos pelo tempo, mas é incrível ainda conseguir ver esses desenhos.”   

“Não consigo encontrar nenhum sinal de entrada, e monto acampamento ali mesmo.”

“Ah, tenho que voltar e contar tudo a Isadora, tenho que trazê-la comigo e também um daqueles alienígenas tão supersticiosos. Ele tem que me traduzir esses desenhos, se é que ele pode traduzi-los.”
    

    EXPLORAÇÃO


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

EXPLORAÇÃO - PARTE I


- ISADORA -


"LOGO MAIS VOU SABER o que poderá acontecer a ele, já partiu a um dia com sua minúscula mochila contendo poucos suplementos e algumas mudas de roupa..."

"Nada de sinal, tentei muitas vezes e já desisti. Insisti muito para ir junto, mas ele  não quis. Disse apenas que seria necessária aqui. Enlouquecidamente quer ver o que há do outro lado."

"É um louco, no terceiro dia e ainda não voltou. As lendas que vimos sobre o que iríamos encontrar não nos davam respostas tranquilizadoras, só falavam em morte. O povo deste lugar não se atreve a aparecer nem onde estou acampada. Continuo esperando, procurando um sinal!"

"Que droga! Onde você está nesse momento, vou me aprontar e procura-lo."

"Subida bem íngreme, perco facilmente o fôlego, porque me convenceu a fazer isso Guilherme? Se não fosse você, hoje eu estaria tranquila em minha casa na terra e não em um planeta completamente estranho, a procura de uma civilização perdida. Será que a era de exploração nunca vai acabar? Que louca sou, a humanidade ainda tem um universo infinito e graças a deus comprovadamente habitado!"    
  
"Ainda não ti encontrei, a noite esta alta, tenho que montar acampamento. Encontrei sinais da civilização que procuramos. Será que você encontrou os mesmos sinais? Espero!"  

"Acordei bem sedo hoje, estou preocupada, recebi um comunicado da Terra. Eles querem saber como estamos e se temos progresso, tive que mentir e afirmei que mandaria um relatório daqui a alguns dias."

"Já estou no alto e vejo uma enorme construção, parece muito longe desse ponto de vista. Estou indo para lá!"



EXPLORAÇÃO



sábado, 10 de agosto de 2013

Que Coisa... Essa Palavra Livro, Que se Transforma no Verbo Livrar.


Ganhado de presente
A IDEIA PRINCIPAL É ler. Leio muito! Tantos livros passaram e passarão por minhas mãos, velhos, rasgados, manchados, amarelados, novos, ilesos, marcados com os nomes de seus antigos donos e muitas vezes vindos de lugares a quilômetros de distancia, frutos de troca através de sites como "skoob". Mesmo se quisesse descobrir o que cada um esconde em suas páginas, não poderia, não por condições financeiras mas por falta de tempo, por isso tenho o direito de escolher. Separo os que podem me agradar e não são poucos os que possuem esta característica. 

Comprado pela submarino
Os pego e tento decifrar o que a arte de capa tenta me dizer. Ultimamente um “S” gigantesco revela sobre um personagem bem conhecido ou um tigre com seus olhos amarelos que me encaram fixamente, tenta contar sobre as aventuras de um garoto chamado PI, 3,14 e mostrar oque pode ser realidade ou pura imaginação, fugindo de uma horrível verdade.    

Conheço alguns autores que chego a venerar, mas também lamento por uma parte desses. São pessoas com estrema capacidade de ver o mundo ou transforma-lo a sua escolha, e que desistiram da vida. Lamento muito mais, por não serem poucos os nomes nesta lista. Um deles, “Jack London” um nome que me agrada, pelos quatro livros que li. Nome pseudônimo, foi batizado como; John Griffith Chaney, teve uma vide de viagens. Vida que a primeira vista eu gostaria de ter, mas pensando bem esse cara passou dificuldades, foi sim um andarilho muitas vezes sem dinheiro no bolso, imagino. Depois de muitas lutas e escrever o que escreveu, se mata. Porém sua morte não é seu legado, mas sim as histórias que criou. Agora percebo que a maioria dos autores que gosto, tiveram vidas que poderiam estar nas páginas de qualquer livro, classificadas como ficção. Julho Verne e Agatha Christie, são alguns deles.
Comprado em um bazar 

lista das Melhores Crônicas:


Coração de Mãe
Os Mortos da Manaus
Eu e Bebu na Hora Neutra da Madrugada
Aula de Inglês
Dia da Marinha
Receita de Casa
Histórias de Zig
Quica Cigano
Partilha
Os Perseguidos
A palavra
A Minha Glória Literária
O Crime (de Plágio) Perfeito
Carta de Guia de Casados
Mestre Aurélio Entre as Palavras
Os Sons de Antigamente

Talvez eu viva em uma bolha, não deixando que alguns escritores cheguem a mim. Meus anseios estão além do real, eu já vivo a realidade ou melhor a minha realidade. Deixo de alguma forma, que através de alguém ou circunstância essa bolha se abra. Alguns outros autores que eu considero escrever sobre a realidade já ultrapassaram essa barreira, como: Machado de Assis ("Dom Casmurro"), Aluísio de Azevedo ("O Cortiço") e Rubem Braga e suas crônicas... Maldito Braga, você me conquistou.     


terça-feira, 6 de agosto de 2013

TENTO ALCANÇAR



ESCREVER UM TEXTO QUE valha apena, ainda é uma dificuldade para mim. Tenho que escolher o assunto, de preferência um já conhecido e fazer com que dure uma quantidade de palavras suficiente para ser satisfatório. Alem do mais, saber descrever o que vejo é fundamental. Coisas que ainda tento alcançar nesse meu pequeno começo.

Me lembrando de uma aula que tive um ano desses, a data não tem importância, na aula eu tinha de descrever meu caminho de casa ao colégio e decido escrever sobre isso. A primeira pergunta que me vem à cabeça é o que de interessante tem em meu caminho?

***

O fato de estudar pela manha modifica muitas vezes minha caminhada. Quando o sol aparece o céu se colore e se tiver a presença de algumas nuvens, melhor ainda.  Mas tem dias que a neblina esconde a luz do sol e a cor cinza predomina.

***

Desço a Atalaia, chão de paralelepípedos por todo meu caminho. Ginásio, aqui eu fiz minha quinta serie. Biblioteca, li alguns livros que estão ali. Viro à direita, rua larga com seus oitis, são exatamente vinte e três.

Seguindo meu caminho, vejo as torres da Igreja Matriz Nosso Senhor dos Passos, que encaram as palmeiras sobreviventes da Praça Barão de Santa Clara, são poucas! Já vi em uma foto antiga aquela praça toda circundada por palmeiras.

Antiga prefeitura, praça, paredão que foi construído pelos escravos a igreja matriz também.

Ponte divisória, de um lado Minas Gerais do outro Rio de Janeiro. De um, Rio Preto do outro Parapeúna. Em poucos minutos chego ao meu colégio.

Esse caminho eu costumo fazer sozinho, pensativo, realmente penso muito. Vários assuntos passam por minha cabeça,  deste do tenho que tirar uma foto desse nascer do sou! Ou sobre o livro que estou lendo.


Os detalhes por onde passo vão mudar com o tempo, mas já não vai ser meu caminho. Talvez falte um oiti ou uma casa já não esteja mais presente. O tempo vai acabar ganhando sobre tudo que vejo!   

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

"Poemus" - Sarau

08/08/2015

 “VIM VI VENCI”

“DECOREI, DEIXA VER.” e repito as palavras na cabeça. “Será que vai dar certo? não, vai sim decorei.” E repto novamente. O sarau já começou e alguns poemas já foram declamados.

05/12/2013

Antes os preparativos...  Sentado na cadeira daquela sala e todos os colegas envolta, alguns com violões, o professor organizando  seus papeis. Cada um vai em frente ao microfone e num instante todos os rostos se voltam para  a pessoa que vai falar. A atenção é toda dela, e começa declamando um dos vários poemas de Vinicius de Moraes:

“Soneto de Fidelidade”

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

(...)

Um teste, temos que adquirir confiança, perder o medo e a vergonha. As palavras saem sem querer sair os gestos são precavidos, as mãos não sabem como se comportar. E os minutos passam, alguns são tão descontraídos. Os dias se vão e o texto na cabeça, a força de repetição, parece tão fácil.  

22/08/2014

Meu nome é chamado, me levanto, vou à frente, poucos segundos se passam até perceber o que tenho que fazer, silencio, começo a falar:

“Trilogia Macabra: I - O Torturador”

O torturador
difere dos outros
por uma patologia singular
ser imprevisível
vai da infantilidade total
à frieza absoluta.

(...)

O dia, todo mundo no palco, expectativa nas alturas. Apresentação dos assuntos, musica, poemas. Declamando na frente com os colegas atrás, esperando sua vez. Procuro na plateia rostos conhecidos um parente, um professor, um amigo. Presto atenção nas minhas palavras e elas parecem sair mais rápido. Com a preocupação de acertar frase por frase, não aproveito tanto o momento. E no final fica a sensação de que poderia ter durado mais.

E já se foi o primeiro com: “Cálice” (Chico Buarque), O segundo com: “José” (Carlos Drummond de Andrade), e lá se vai o terceiro com: “O Torturador” (Alex Polari). Não só esses, mas vários outro: “Cabaret Mineiro” (Carlos Drummond de Andrade), “Pasárgada” (Manuel Bandeira). E tantos e tantos poemas.



domingo, 4 de agosto de 2013

ROSTO


TENTO DESENHAR UM ROSTO de mulher... Garota. Começo pelos olhos, já preparado com a borracha do meu lado, nos primeiros traços o papel já consegui me ver. Sobrancelhas, nariz a tudo dou forma.

 Boca... Paro indeciso, mil possibilidades de sorrisos ela tem. Mostro seus dentes aparecendo por entre os lábios, em um sorriso largo ou simplesmente um meio sorriso? Sinal de timidez. Seus olhos estão olhando para baixo, o que me faz escolher a timidez.

Seus cabelos negros e ondulados emolduram o rosto. O queixo simplesmente perfeito.

Vou para os detalhes, dou volume com as sombras, com medo de  borrar com o suor de minhas mãos. Coloco o brilho em seus olhos, sinal de que existe alguém lá dentro! As minúsculas covinhas nos cantos de sua boca são convidativas.

Mas no final, percebo que algo falta. Não sei bem o que! Motivo que me faz não mostra-lo a ninguém, simplesmente esconder por entre outros desenhos de minha pasta.   

E Foi a Última


ERA A ULTIMA DE sua espécie, milhões iguais a ela já estiveram no planeta. Estava assim a um milênio, vitima de todos os cuidados humanos. Motivo de preocupação, foi colocada em uma redoma, em que o ambiente em sua volta era em tudo uma reprodução bem cara do mundo, em sua infância. Viveria para sempre isolada da realidade, única a sobreviver.

Virou um símbolo, um ponto de apoio, ultima esperança de tudo voltar ao normal. Depois da época de suicídios em massa em que um terço da população se matou com medo do fim do mundo, que muitos pregavam. Verdadeiramente foi um pandemônio, esta época, que ficou marcada na memória dos que viriam a nascer.

Os problemas ambientais foram o começo, diziam que era apenas um processo natural, que o homem não era o causador de tudo, não podia ser... E assim foi acontecendo o desastre já esperado.

No dia em que ela morreu o mundo realmente parou. Se lamentando, foi um ultimo baque, necessário para que as coisas andassem realmente. “Não pode ter morrido, a ciência com todo seu poder, tinha afirmado que não morreria.”

A cúpula não tinha funcionado bem, apenas isso. Até hoje sua carcaça existe, em uma cidade no Brasil. 

sábado, 3 de agosto de 2013

Prisão




ERA ADEPTO DA LIBERDADE incondicional, nascera para ser livre, a natureza não o fizera assim? Não tinha casa ia para onde os ventos o levavam, parava aonde quisesse, sempre conseguia o que comer. Diria se que voava literalmente de cidade em cidade, visitando varias casas por onde passava sem destino certo. Gostava de cantar, e seu canto só trazia admiração. Todos que o escutavam se derretiam de amores por ele.

Estava preço há uma semana e não gostava de sua nova situação. Afinal quem gosta de viver sem liberdade?

No dia em que foi pego se revoltou. “Como aquilo poderia acontecer com ele?” Não quis saber de conversa, esperneou até não poder mais. Nada adiantando, só conseguindo se machucar. Estava atrás das grades, por aparentemente nenhum motivo, não fizera nada.

Não aquentava a monotonia daquela gaiola, o tempo não passava da mesma forma de antes. Recorreria às lembranças do passado se pudesse, mas só pensava em sair dali.

A leve brisa em seu rosto era formidável, gostava dela agora como nunca avia gostado antes. Na falta é que percebia o valor das coisas. Mas não era de notar essas contradições da vida, só sentia falta e pronto.

A armadilha que montaram para pegá-lo foi uma covardia das grandes. Já tinha visto isso várias vezes! Um seu amigo morrera uns dias atrás com o pescoço quebrado, por acreditar poder fugir antes que a tampa se fechasse.

Mas a fome e a certeza de ser mais esperto eram grandes ou foi o esquecimento repentino do perigo? Uns poucos grãos, uma peneira, sua atenção esfaimada e um graveto puxado por um barbante foram sua desgraça. De uma hora para outra estava preso dentro da gaiola e o garoto que o avia pego se perguntava quando ele voltaria a cantar novamente.

Menino



PARA UM TIPO DE avô em especial que adora contar seus causos. De forma alguma, inventados por ele. Porem tão queridos pelos netos a ponto de criar vida.

***

 “Menino, meu avô veio de Portugal e com ele muitos costumes. Acreditava no lobisomem a ponto de se trancar dentro de casa em noites de lua cheia e ter sempre a mão uma espingarda. Apesar de dizer que pra matar, só bala de prata.” E sorria lembrando-se do avô! “Aqueles tempos eram loucos, muitas histórias de assombrações corriam por aí.” E assim aquele velho, em seu banco encostado a parede, começava a contar a história de seu avô. Rindo de vês em quando, fazendo vários comentários sobre como era antigamente.  

A varanda era tudo que existia naquele momento, um ponto de luz na escuridão da noite. Eu sentado no chão, espantando o sono que cismava em chegar. E a toda hora olhando o terreiro, acreditava ver um enorme cão negro, sentado tranquilamente no chão de terra batida, com seus olhos amarelos colados em mim. Não estava lá... É claro, mas mesmo assim eu fantasiava tanto!

E a história continuava:

 “Seu bisavô, menino, costumava contar a todos que conhecia sobre quando foi perseguido por um lobisomem. Saia de uma festa, longe de casa, já era tarde. Com muito medo montou em seu cavalo e tomou o caminho de uma estrada de terra.”

“Sei que você não chegou a conhecer meu pai! Mas já te mostrei uma de suas fotos. Ele se vestia muito bem e usava aquela barba grande, realmente o vi poucas vezes sem ela.”

“Naquela noite estava completamente sozinho. ‘Só eu e Deus!’ Como sempre dizia. Quando passou por um barranco perto de uma mata, já começava a se lamentar ter saído tão tarde da festa e ainda mais em noite de lua cheia. Imaginava mil assombrações pelo caminho.”

“No ponto mais escuro da estrada, onde as árvores escondiam a pouca luz da noite, seu cavalo começou a se assustar. Querendo sair em disparada, e meu avô puxava as rédeas, preocupado em ser jogado no chão. Conseguiu caminhar mais alguns metros, até que olhando pra trás. Vil um enorme cachorro negro parado no meio da estrada. Ele descreveu o cão como um monstro do tamanho de um bezerro e com olhos que meteriam medo até ao diabo. Não pensou duas vezes esporeou o cavalo. Perseguido por muito tempo e os latidos que pareciam gritos, cada vez mais perto. Só conseguiu se livrar do animal quando passou perto de uma Igreja, um assobio cortou o ar. Só depois de algum  tempo bem perto de casa é que teve coragem de olhar para trás. E não tinha mais nada.” 

Quanto mais a noite ia passando mais eu ficava com vontade de escutar meu avô, e com uma pontada de desejo de ficar acordado bem tarde. Via o cachorro ainda, só que agora estava deitado com as duas patas enormes juntas, a cabeça apoiada entre elas, continuava a me olhar. E as histórias passavam em um ritmo lento e bem explicado. Tinha certo fascínio por lobisomens.  No final eu já dormia e o cachorro negro no terreiro, apenas um sonho. 

Vida


SABE... A CURIOSIDADE DO menino com aquele barbante, que segura com tanta atenção e cuidado, é grande e não é por menos. Porque amarrada nele esta uma cigarra, coitada, com tão pouco tempo de vida, iria cantar até morrer, agora tenta escapar também encontrando a morte. E o garoto alegre vendo o bichinho voar para um lado e para o outro desesperado querendo se soltar.

O menino não percebe isso, nem passa por sua cabeça a morte do inseto. Tão novo ele é que daqui a pouco se esquece do brinquedo e se distrai com outra coisa.

​O pai que a tudo olha, muito tempo depois vai se lembrando do ocorrido. E os pensamentos de tantos anos de vida se ligarão sem nenhum motivo aparente, criando um sorriso amargo em sua boca. 

Professora




COMO PODEM SER INTERESSANTES as diferentes pessoas que se reúnem em uma sala de aula. Tirando os professores que são umas figuras. Os alunos em si, são um posso de originalidade, mesmo que se reptam em palavras, gestos ou no modo de se vestir que na teoria seria o uniforme.

O dia a dia de uma turma é dos mais chatos ou legais, dependendo do estado de humor do estudante, que geralmente não é lá dos bons. As brincadeiras e frases marcantes na maioria das vezes saem do fundo da sala que atrai como imã certos alunos.

Esta turma de que falo é a do turno da manhã e chega aos poucos, bocejando, os olhos caídos de sono. Mas logo se anima com a primeira aula que começa e se vai num piscar de olhos junto com a segunda, por causa da professora que brinca com a turma, pegando um ou outro aluno pra “cristo” e assim a hora vai passando. O professor seguinte, de uma matéria bastante chata, demora com suas explicações fazendo o tempo andar lentamente, quase se arrastando. Os olhares nervosos de segundo a segundo vão para o relógio na parede:

- Que aula chata! – Pensa um garoto.

- A hora não passa... – Pensa uma menina, olhando para o relógio pela décima vez.

E assim vai, até o sinal bater para o bendito intervalo, que tanto demorou a chegar. As cabeças esfriam para logo esquentar de novo. Mais três aulas pela frente e mais uma maratona de olhares para o relógio. No quarto horário uma nova professora entra na sala, atraindo todos os olhares:

- Que linda... – Pensam todos os garotos.

As meninas passam os dois últimos horários de caras emburradas e com mil pensamentos. E os garotos todos sorridentes com o mesmo pensamento que se repete a toda hora: – Que linda...



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TENTEI FAZER UMA CRÔNICA QUE CONTASSE A CONVIVÊNCIA DOS ALUNOS COM OS PROFESSORES, APENAS ISSO.

Texto publicado pela primeira vez no informativo “O VIEIRINHA” – Ano 3 / Número 008 / Edição Especial, 2º semestre.


Sinceramente quando o escrevi não esperava a revolta que geraria entre meus colegas. Principalmente as mulheres. Mas compreendo, fui inadequado, porem o texto é uma ficção e a chegada da professora na sala de aula, não aconteceu. Mas algumas características refletem a minha vida... Considero esse texto, um elogio a todas as salas de aula que tive a oportunidade de integrar e aos colegas que foram meus amigos.